Quando a professora Nice me falou que precisava de uma ideia diferente para apresentar na Feira de Ciências do Instituto Filippo Smaldone - IFS, que fosse feito pelos próprios alunos da 7ª e 8ª séries e que fosse algo diferente, eu confesso, não consegui pensar em nada interessante. Nice me falou que a professora Marylane tinha lhe dado a ideia de fazer um teatro de fantoches, mas os alunos Surdos poderiam não entender caso não fossem feitas as devidas adaptações. O que poderia ser rápido e barato de fazer?! Pedi uns instantes para pensar. Então, sugeri fazer um teatro de sombras. O tema da feira de ciências foi a sustentabilidade e o teatro deveria abordar esse tema. A professora não compreendeu muito bem minha explicação, mas pelo meu entusiasmo ela acabou topando fazer. Nas duas semanas seguintes que antecederam a feira, Nice e eu recrutamos 5 alunos (Lucas, Matheus, Ítalo, Natália e Gabriel) para fazer a peça "Água é Vida". Fizemos o roteiro, compramos os materiais, escolhemos os animais que participariam dessa história e colocamos os garotos para ensaiar (Isabel, desculpe por ter tirado seus alunos de sala). Metade dos personagens foi feita em kiriê, mérito do artista mirim Matheus Freire que confeccionou tudo, e outra metade apenas com as sombras das mãos dos alunos. No começo foi frustrante e até 30 minutos antes da apresentação ainda estávamos ensaiando e aparando as arestas, até então não sabia se daria certo ou não. Porém o grupo me surpreendeu. Fiquei muito feliz com a autonomia desse grupo que apresentou sozinho a peça sem interferência de adultos ou de pessoas ouvintes e que ainda foi apresentada mais duas vezes naquela tarde. É o próprio indivíduo Surdo sendo protagonista de sua própria história. As sombras projetadas sobre o tecido formavam lindas silhuetas de paisagens e de personagens que cativaram a platéia. O resultado foi muito melhor do que o esperado. Parabéns aos alunos pelo esforço e dedicação. Obrigado aos professores do IFS que estavam incentivando e colaborando para que tudo desse certo, em especial à Nice e Isabel.
Por Felipe Maranhão
Intérprete de LIBRAS
